Jovem morta e enterrada sob concreto em BH: o que se sabe e o que falta esclarecer
14/03/2025
(Foto: Reprodução) Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, desapareceu no último domingo (9). Corpo dela foi localizado, na tarde desta quarta-feira (12), enterrado em uma casa no bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. Polícia Civil diz que morte de jovem foi planejada
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte da jovem Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, que teve o corpo enterrado e coberto por uma camada de concreto em BH.
Ela havia sido chamada por um ex-colega de trabalho para receber um valor de R$ 400, que ele devia à vítima há cerca de três meses.
Segundo a polícia, o crime foi premeditado.
Veja, abaixo, tudo o que se sabe sobre o caso:
Como o crime aconteceu?
Quem são os suspeitos do crime?
Quem era a vítima?
Por quanto tempo Clara Maria ficou desaparecida?
Qual era a dívida do suspeito com a vítima?
O que ainda falta esclarecer?
Como o crime aconteceu?
A jovem Clara Maria, de 21 anos, foi encontrada morta na quarta-feira (12) pela Polícia Civil, com a ajuda do Corpo de Bombeiros. Segundo a instituição, a jovem foi localizada pela equipe da Divisão de Referência à Pessoa Desaparecida, em uma casa no bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, em BH.
Os bombeiros foram acionados para prestar apoio aos policiais. De acordo com os militares, o corpo da vítima estava enterrado e coberto por uma camada de concreto, em um corredor estreito do imóvel, mas a mistura não havia secado completamente.
A vítima havia sido chamada por um ex-colega de trabalho para receber um valor de R$ 400, que ele devia à vítima há cerca de três meses.
Quem são os suspeitos do crime?
Três homens foram presos pelo crime de feminicídio, sendo eles Thiago Schafer Sampaio, Lucas Rodrigues Pimentel e Kennedy Marcelo da Conceição Filho. Thiago era o ex-colega de trabalho e suspeito de ter atraído a vítima para a emboscada.
Kennedy negou qualquer tipo de envolvimento e foi liberado ainda na delegacia. Ele seguirá apenas como investigado, mas não como suspeito do crime, já que esteve na casa de Thiago no dia do ocorrido, .
Thiago Sampaio, de 27 anos, confessou que matou a jovem com um mata-leão na noite do último domingo (9). Sampaio agiu com um comparsa, Lucas Rodrigues Pimentel, de 29 anos, que também confessou o crime.
Pimentel ajudou na ocultação do corpo, enterrado e coberto por entulhos de obra e uma camada de concreto na casa de Sampaio, onde o crime aconteceu. Os dois seguem presos. O g1 tenta contato com as defesas dos suspeitos.
Thiago Schafer Sampaio (esq) e Lucas Rodrigues Pimentel (dir), suspeitos da morte de Clara Maria, em Belo Horizonte.
Polícia Civil de Minas Gerais
Quem era a vítima?
Amigos e pessoas que conviveram com Clara Maria, de 21 anos, afirmam que a jovem era “uma menina educada, gentil, que trabalhava bastante, e mostrava comprometimento e responsabilidade”. Ela também era artista e trabalhava com produção de peças de argila e pinturas.
Natural de Uberlândia e órfã de pai, Clara Maria morava sozinha desde os 14 anos, contou o amigo Fernando Sorrentino, de 20 anos.
“A trajetória dela era uma inspiração para todos nós, ela se virava desde muito nova”, destacou ele.
Sorrentino disse que a ausência de Clara no emprego foi vista como muito preocupante pelos conhecidos, já que ela era comprometida com o trabalho.
Clara também era skatista e apaixonada pelos dois gatos que criava na casa onde morava com outro amigo. “Acho que as coisas mais importantes para ela eram estes gatinhos, ela era apaixonada por eles”, contou Sorrentino.
“Foi uma catástrofe que aconteceu. A Clara era muito amada, ela tinha muitos amigos, muito mesmo. Está todo mundo arrasado. Sempre que ela estava, mudava a energia. Tivemos bons momentos juntos”, relembrou.
Clara Maria, uma jovem de 21 anos, teve seu corpo encontrado em Belo Horizonte na quarta (12).
Reprodução/Redes sociais
Por quanto tempo Clara Maria ficou desaparecida?
A vítima estava desaparecida desde o domingo (9), quando saiu do trabalho para encontrar um ex-colega. Um amigo que morava com Clara registrou um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento dela. Ele relatou que os dois se conheciam há sete anos e trabalharam juntos no dia que ela desapareceu.
O homem contou que a jovem, ao terminar o expediente, foi até a casa de um ex-colega de trabalho para receber o dinheiro de uma dívida. Por volta das 22h45, ela teria enviado uma mensagem dizendo que pegou o valor e "estava indo para casa".
O trajeto duraria cerca de dez minutos, mas horas se passaram, e Clara Maria não voltou. O amigo chegou a ligar para ela algumas vezes, até que recebeu outra mensagem, por volta de 00h30 de segunda-feira (10), afirmando: "Oi, estou bem. Estou ocupada agora".
Também conforme o documento, o homem contou que a jovem não tinha costume de responder dessa forma. Ele tentou falar com ela ao longo do dia e, somente por volta das 9h30, obteve um retorno que o chamava de "amiga", fato que estranhou.
Segundo ele, Clara não teria o costume de chamá-lo no feminino e o nome dele no celular dela estava salvo somente com o sobrenome, o que poderia abrir margem para confusão para um terceiro que estivesse sob posse do aparelho,
O amigo tentou contato com o ex-colega de trabalho com quem ela foi buscar a quantia devida, mas não conseguiu. Ainda na segunda-feira, os celulares dele e de Clara Maria pararam de receber mensagens e ligações.
O amigo destacou que a jovem não usava drogas e era muito responsável com o trabalho e os animais de estimação que cuidava.
Qual era a dívida do suspeito com a vítima?
Thiago Sampaio era colega de trabalho de Clara na padaria, mas ele já não era funcionário do estabelecimento. Enquanto eram colegas, ela emprestou R$ 400 para ele, há cerca de três meses.
O namorado da vítima contou à polícia que estava com a companheira em uma choperia, na última sexta-feira (7), e que ambos viram Thiago Sampaio no local.
Clara contou ao namorado sobre o dinheiro que o suspeito devia, e que Thiago se esquivava dos dois, evitando uma aproximação do casal.
Ela também havia dito ao namorado que já havia desistido de receber o dinheiro, mas, no dia seguinte, Thiago procurou Clara dizendo que tinha a intenção de quitar a dívida.
Clara foi até a casa de Thiago e nunca mais foi vista. Dias depois, o corpo foi encontrado pela Polícia Civil.
O que ainda falta esclarecer?
A Polícia Civil ainda investiga se a jovem foi vítima de necrofilia (uso de cadáver como objeto sexual). De acordo com a polícia, antes de o corpo ser enterrado, ele ficou exposto nu, na sala do imóvel, até a tarde do dia seguinte.
O relato de um jovem próximo aos suspeitos e de Clara ajudou a polícia a levantar a hipótese. Ele disse que Lucas Pimentel tinha revelado anteriormente para uma turma de amigos em comum que desejava 'praticar um ato de necrofilia'.
Na ocasião, ele também fez apologia ao nazismo e teria falado palavras em alemão. Clara teria repreendido Pimentel, que não gostou da reação da jovem.
Conforme o delegado Alexandre Oliveira da Fonseca, também um ‘ato falho’ cometido por Sampaio durante o depoimento reforçou a suspeita de necrofilia.
“Ele disse que não bateu foto e não tocou no corpo dela. Isso é o inconsciente dele falando. Ninguém questionou o que ele fez com o corpo. Ele espontaneamente disse que não fez isso”, contou o delegado.
Clara Maria, uma jovem de 21 anos, teve seu corpo encontrado em Belo Horizonte na quarta (12).
Reprodução/Redes sociais
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